quarta-feira, 24 de março de 2010

Domingos Eternos

Podemos discutir tácticas e estilos, comparar números e palavreado, mas a explicação do que se passou hoje no Algarve está toda naquele sururu entre Bruno Alves e Pablo Aimar. O jogador do FCP faz uma tesourada malvada ao craque argentino, e como é que este reage? Insulta-o? Bate-lhe de volta? Não, nada disso. Limita-se a rir. Ri-se e faz umas festas ao agressor.

O pobre do árbitro deu cartão amarelo aos dois, pois foi, não percebeu nada. Mas o resto do mundo percebeu. Seja como for, se falo disso, não é para comentar a arbitragem, valha-me Deus. Digo-o para falar da diferença entre as duas equipas. Nunca um postal foi tão eloquente, uma imagem que diz tudo. De um lado, um nervosismo brutal. Do outro, a confiança da alegria. Não são precisos grandes parlapiús, caros amigos, o subtexto deste 3-0 está todo aqui. Ponham uma equipa de Aimares felizes contra uma equipa de Alves furiosos e a primeira há-de ganhar sempre. Todos os dias, domingos eternos daqui até ao fim da História.

Essa nervoseira, que tem no capitão Alves uma versão tão sanguínea, teve em Nuno Espírito Santo uma aparição mais suave, é certo. Suave, mas não menos fatal. Sim, aquele frango do primeiro golo não é explicável de outra forma. Já o 2-0 é quase o reverso. O chutaço de Carlos Martins é de nervo mas nervo bom, feito só da mais pura certeza. E o terceiro, que monumento à alegria.

Neste lugar, no país da alegria, tudo é possível, caros amigos. O miúdo Amorim fintando como um craque experiente, David Luiz dando toques de calcanhar como um astro de outros tempos, vitórias nossas daqui até Liverpool.

Por Jacinto Lucas Pires in JN

1 comentário:

  1. Que observação mais correcta!
    Tenho a certeza que se o bruto alves e o ...reles mordessem a lingua nesse dia, morriam envenenados.

    ResponderEliminar