sábado, 16 de janeiro de 2010

Sem paz

Por Fernando Guerra
in A Bola


Cumprida a primeira parte da Liga, preparemo-nos para a segunda, intensa, decisiva e ameaçada por discórdias habilmente engendradas à maneira dos maus velhos tempos, em que alguns defendiam que para conquistar títulos era mais importante investir em cumplicidades com poder de influenciar classificações do que propriamente em formar boas equipas para ganhar, sem truques, em campo.

Há um ano, por esta altura, liderava o FC Porto, com 31 pontos, tendo imediatamente atrás Benfica e Sporting, ambos com 30. Agora, Sp. Braga e Benfica dividem o primeiro lugar (36 pontos), mais quatro que o FC Porto (32) e doze que o Sporting (24). A preocupação de Jesualdo nada tem a ver com o espectacular comportamento da equipa bracarense, pois se assim fosse ter-se-ia oposto a tamanha generosidade do FC Porto, ao reforçá-la com a cedência do avançado Renteria. O receio de Jesualdo é apenas um e chama-se Benfica, por ter entendido já que, com ou sem Hulk, a questão é irrelevante, não possui argumentos, no espaço estrito do rectângulo de jogo, para contrariar o óbvio: a maior qualidade futebolística do plantel benfiquista. Jorge Jesus, por sua vez, também já viu que, se o normal desenvolvimento do campeonato não for perturbado por fenómenos estranhos, basta-lhe manter o mesmo ritmo competitivo para, sem sobressaltos, ser campeão nacional. Porque possui melhores jogadores.

Aparentemente simples, num país com normais regras de conduta. Mas quando se fala de futebol e de rivalidades, Portugal acentua a sua triste diferença. Basta reparar nas últimas intervenções de Pinto da Costa. Enquanto ele pensar que tem graça e sentir que pode vociferar o que lhe apetece, não haverá paz na modalidade.

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