terça-feira, 22 de janeiro de 2013

RAP no seu melhor

20 anos de equívocos
 
«Trata-se de uma investigação sobre Inocêncio Calabote, o árbitro que foi recebido pelo presidente do Benfica em sua casa na véspera de um jogo. Não, desculpem. Enganei-me. É o árbitro a quem o Benfica pagou uma viagem ao Brasil, assim é que é. Peço desculpa, voltei a equivocar-me. O livro é sobre um árbitro que terá recebido quinhentinhos de um vice-presidente do Benfica. Perdão, ainda não é isto. É um árbitro ao qual o presidente do Benfica mandou oferecer fruta para dormir, conforme comprovado por uma escuta. Apre! Não acerto. Bom, parece que se trata de um árbitro ao qual o Benfica não ofereceu nada e que, em troca, terá beneficiado o clube a ponto de fazer com que o Porto ganhasse o campeonato. Enfim, um daqueles escândalos que nem 50 anos de silêncio conseguem apagar. Mas, reconheça-se, um escândalo que se mantém actual: um árbitro que acabou castigado pela justiça desportiva num ano em que o campeonato foi ganho pelo Porto. Realmente, soa-me a familiar.», Ricardo Araújo Pereira

(Roubado no Ontem)

sábado, 19 de janeiro de 2013

Armstrong e o doping no Ciclismo

É a história que se fala. Armstrong enganou a maioria das pessoas que se reviam nele como a pessoa perfeita.
Já na altura não era um fã muito grande do americano, o meu preferido era o alemão Jan Ullrich (sim, também ele tomou muita coisa), porque algo me dizia que não era normal aquilo do americano.
O ciclismo era diferente, eram médias da prova (Tour) a subirem de ano para ano, subidas como a de 'Alpez D'Huez' a serem feitas em menos de 40min no fim das etapas, a performance a melhorar de ano para ano e isto tudo no fim do século passado e inicio até meados da ultima década. Era o doping em força.

Já tive oportunidade de ler alguns capítulos do livro de Tyler Hamilton (outro que tomou tudo e mais alguma coisa) e é impressionante tudo o que se passava no ciclismo na altura. Lance Armstrong na entrevista que deu confirmou tudo aquilo que se suspeitava e que Hamilton falou no seu livro.

Deixo aqui alguns excertos do livro de Hamilton "In The Secret Race: Inside the Hidden World of the Tour de France: Doping, Cover-ups, and Winning at All Costs” com participação de Daniel Coyle.
Doping – "No inicio quando comecei (1994-1995) os rumores não me impressionaram tanto quanto a velocidade, a implacável, brutal, velocidade mecânica. Por exemplo Andy Hampsten estava conseguindo a mesma potência que no ano anterior, ano em que ele ganhou grandes corridas. Mas agora, produzindo aquela mesma potência, ele estava lutando para ficar entre os quinze primeiros."

Andy Hampsten (Vencedor do Giro em 1988) – No meio dos anos oitenta, quando cheguei, os ciclistas dopavam-se, mas ainda era possível competir com eles.
Eram, ou Anfetaminas ou Anabolizantes. Ambos eram poderosos, mas tinham lados negativos. Anfetaminas faziam os ciclistas ficarem 'estúpidos'. Eles lançavam ataques loucos, acabavam usando toda a energia. Os anabolizantes tornavam os ciclistas inchados, pesados, aleijavam a longo prazo, sem falar naquelas horríveis erupções na pele. Eles eram super fortes em tempo frio e em corridas mais curtas, mas nas longas e quentes corridas, os anabolizantes arrastavam eles para baixo. Então, resumindo, um ciclista limpo podia competir com eles numa grande corrida de três semanas.
A EPO mudou tudo. Anfetaminas e anabolizantes não eram nada comparados ao EPO.

Inicio do doping – “Neguei dopar-me por três anos. Via aqueles sacos pendurados (transfusão de sangue) que só os mais fortes usavam, como Hincapie e Ekimov. Aí entendi o que era correr a ‘pão e água’. Estava cansado, sem energia, desesperado. Foi então que o médico Pedro Celaya ofereceu-me Testosterona. Disse-me: ‘Não é doping, é para a tua saúde’. Pensei em recusar, voltar para casa e terminar a faculdade, mas acabei por aceitar. Após isso estava sendo promovido! Em final de 1998 me ofereceram então EPO (Eritropoietina). Era o sinal de confiança que a equipa precisava de mim para competir no Tour."

US Postal – "Tínhamos uns dois anos de vantagem sobre o que faziam os outros em termos de doping."

Os testes anti-doping – "Naquela altura os testes eram faceis de enganar. Nós estavamos muito, mas muito à frente dos testes. Eles tinham os seus médicos, e nós tinhamos o nosso, e os nossos eram melhores e mais bem remunerados, com certeza. Além disso, a UCI não queria pagar a certos médicos de qualquer maneira porque seria custar-lhes muito dinheiro."

A geração EPO – "Em 1998, eu e Lance éramos muito confidentes. Debatíamos quanto de EPO deveríamos tomar com certa frequência. Tínhamos um código e o chamávamos de Edgar ou Edgar Allan Poe. Ele tornou-se um completo refém e obcecado por doping e ficou preocupado e paranóico ao saber, três anos depois, que em 2001, seu principal rival Jan Ullrich treinava na África do Sul, onde tinham inventado um tipo de sangue sintético (Hemopure)."

Volta a França 2000 – "Antes do Tour de France de 2000, Armstrong e eu viajamos a Espanha para que o médico Luis García del Moral e o preparador físico José Martí tratassem nosso sangue para aumentar o nível de hemoglobina. O sangue era posteriormente transportado para os quartos de hotel dos ciclistas para que fossem reinjectados nos atletas."

Pantani – "Lance amava a lógica, enquanto Pantani corria com paixão e instinto. E Armstrong odiava esse modo de ser do italiano. Quando Pantani atacou no começo da etapa Courchevel-Morzine, no Tour de 2000, Lance ficou desesperado, fez a direcção da equipa ligar para o Dr. Ferrari. O médico então assegurou que naquele ritmo Pantani quebraria na última montanha e foi o que aconteceu."

Dr. Ferrari – "Ele era o nosso deus. Lance só falava nele. Ferrari era preocupado com a questão do peso, pois trabalhava com números, tabelas. Obrigava-nos a emagrecer. 'Você é gordo', dizia. Realmente só comecei a sentir os resultados quando emagreci. Depois que introduziram o exame que detectava EPO no Tour de France, ele pediu-nos cinco minutos para encontrar uma solução para o problema, e encontrou. A solução foi introduzir doses reduzidas de EPO diretas na veia. Ao invés de uma dose de 2000 unidades no intervalo de três ou quatro dias, passámos a inserir doses de 300 a 400 unidades diárias sem errar na veia. Para Lance era fácil, pois as veias dele eram bem visíveis."

Os controles positivos de Lance – Armstrong acusou positivo em 2 ocasiões, Tour de 1999 e Volta à Suíça de 2001. No Tour de 1999 acusou Cortisona que foi dissimulada com uma perscrição médica alegando que tinha sido dado um medicamento a Lance.

O jardineiro "Philippe" – "Depois do escândalo da equipa Festina, em 1998, tivemos que encontrar um novo sistema para levar o EPO para as provas. Então Armstrong chamou Philippe, o jardineiro de sua casa em Nice, e combinou um esquema com ele. Estávamos na cozinha de Lance quando ele explicou o plano: pagaria a Philippe para seguir o Tour com sua moto, levando garrafas térmicas cheias de EPO e um telefone pré-pago. Quando precisávamos de Edgar (EPO), Philippe entrava na caravana do Tour para uma entrega expressa. Simples, rápido. Uma ida e volta. Risco zero. Podia-se também encontrar connosco nas chegadas no meio daquela confusão toda. Como medida de discrição, Philippe só abastecia e entregava o material para os trepadores, os que tinham mais necessidade e aqueles a quem o investimento desse maior retorno, na altura, Lance, eu e Kevin Livingston. Depois, escondíamos as seringas dentro das latas de Coca-Cola e assim o médico podia sair com elas das tendas."

A ameaça para a equipa – "Antes do Tour da Suíça, em 2000, passei pelo teste do Dr Ferrari: 4km de subida a 9%, no monte Monzuno. Bati o recorde de Lance, mas meu índice de Ematocrito chegou a 49,5%, bem próximo do limite de 50%. Lance então sentiu-se ameaçado e disse: 'Achas que agora és o homem a ser batido?'. Foi então que Bruyneel nesse ano me obrigou a competir o Tour a 'pão e água'."

Os controles da EPO
– Hamilton confirma a utilização de um pó denominado "polvo", protease, uma enzima dobrada sob a unha e introduzida na corrente de urina para vencer o teste de EPO. Ele afirma várias vezes que Riis ajudou a refinar o seu horário de transfusão, e os médicos ajudado no engano dos controles de doping.

Bjarne Riis (outro que admitiu doping em 1996) – "Em 2002 fechei contrato com a CSC, onde Bjarne Riis me pediu para contar os segredos da US Postal. Contei uma parte. A CSC trabalhava com o Dr. Eufimiano Fuentes. Ele sugeriu-me usar o nome do meu cão para classificar as bolsas de sangue (transfusão), mas o meu cão era muito conhecido e decidi usar o número 4142, últimos números do telefone de um amigo. Ou seja, Riis estava ao corrente das praticas de dopagem no seio da equipa. Tentámos não falar muito ao telefone sobre isso, porque ele estava a passar por um período difícil. A polícia começava a envolver-se e falávamos disso quando nos víamos nas corridas ou nos treinos, mas não à frente de toda a gente. Não é fácil falar de Bjarne Riis, ele é uma excelente pessoa e fez muito por mim, todos esses anos foram anos felizes para mim. De certeza que não está contente com o que está escrito no livro, mas é a verdade e eu tenho o direito de dizer a verdade. Ele também deveria dizer, pelo bem do ciclismo."

Volta a França 2004 – George Hincapie, antigo ciclista da US Postal de Lance Armstrong, disse que, na Volta a França de 2004, a maioria dos ciclistas da equipa - da qual fazia parte o português José Azevedo - participaram numa transfusão de sangue colectiva no final de uma etapa. "A transfusão de sangue foi feita no autocarro da equipa no caminho entre o fim da etapa e o hotel. O motorista fingiu que havia um problema com o motor e parou numa estrada isolada durante uma hora, para que a maioria dos membros da equipa tivessem meio litro de sangue injectado. Foi a única vez que vi, praticamente, uma equipa inteira a fazer transfusões de sangue à vista de todos os outros ciclistas e do motorista."

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

O menino que se tornou vaidoso

“Esta estória começa com um miúdo de 13 anos às voltas no jardim de casa dos pais e ainda a sonhar que vai ver um jogo de futebol na televisão uma ou duas horas mais tarde. É Maio, um mês mágico por causa das finais europeias de futebol, mas um Maio especial esse de 1983, porque, dessa vez, também o Benfica está numa final. É a primeira vez que tal acontece desde que ele se lembra. O adversário é o Anderlecht, o poderoso da Bélgica (com Morten Olsen, Coeck, Vercauteren, Vandenbergh e Lozano, “o espanhol”), e o jogo de Bruxelas está quase a começar. Trata-se ainda da primeira mão da final (na altura, a final da UEFA ainda se jogava a duas mãos), mas representa a chegada de um momento muito ansiado.

O jogo era fora, está visto, mas para esse Benfica – e foi uma das maiores alterações de mentalidade trazidas pelo treinador Eriksson – jogar na Luz ou fora da Luz era quase indiferente. O Benfica tinha feito 10 jogos (com Bétis, Lokeren, Zurique, Roma e Craiova) e ainda não tinha perdido nenhum! Ganhou seis e empatou quatro. Em Roma fez mesmo um dos melhores jogos de sempre e ganhou 2-1 a uma equipa que ía ser campeã de Itália. Tinha jogadores como Falcão, Prohaska e Bruno Conti, mas de nada valeu perante Carlos Manuel, Stromberg, Chalana ou Filipovic. Vi esse jogo, ou melhor viu-o o tal miúdo, em casa de um grande amigo de infância, o Rui, e só é pena que nesse tempo o vídeo gravador ainda não fosse um objecto democratizado. Hoje interrogo-me: terá sido assim tão fantástico o tal jogo de Roma? Mas tenho a certeza que sim, porque acredito que aquilo que é certo é o que a nossa memória guarda para sempre. Quando os factos são difusos, a memória, selectiva como é, desiste deles.

Há três dias que contava as horas. “Faltam 67 horas para começar o jogo” e continuava a actualizar a aproximação ao seu grande momento, à volta das saias de uma mãe já algo intrigada por tanta excitação. Não era fácil de entender, de facto. Mas o Mundial de Espanha, um ano antes, tinha-o feito entender que o futebol não se esgotava no campeonato português e que os efeitos internacionais eram os mais valorizados. Não era por acaso que o Benfica era cotado como das melhores equipas da Europa. Nesse ano ganhou o Campeonato, a Taça e… faltava a UEFA.
De televisão ligada, a primeira expectativa era a de saber se a RTP ia transmitir o jogo, se ia escutar os acordes do “Hino da Alegria” por cima do símbolo da Eurovisão, para logo a seguir ouvir a voz distante do enviado da estação pública, como agora se diz, talvez a do Rui Tovar. Mas essa foi a hora da primeira desilusão. A RTP não transmitiu e foi à volta do jardim, já a noite caía, que sofreu com o relato (talvez de um desses que vieram a ser as suas referências mais tarde: David Borges, António Pedro, Óscar Coelho…). Foi pela rádio que escutou o golo belga, marcado por um dinamarquês chamado Brylle, e que soube que o Diamantino (ou o José Luís, não estou bem certo) desperdiçou uma ocasião de baliza aberta. O Benfica perdeu. Pela primeira vez nessa Taça UEFA. Mas foi só por um e eles tinham que vir ao “Inferno”. E eu, ele, tinha de ir também.

Já tinha ido ver outro jogo dessa saga europeia, o da vitória mais folgada, de 4-0 sobre os suíços do Zurique. Acreditava que ia dar sorte outra vez. Era o tempo em que os estádios estavam sempre lotados quando o Benfica jogava. Entrava-se muito antes do arranque da partida, ao ponto do aquecimento dos craques, uma meia hora antes da hora marcada, já fazer parte do jogo. Nesse dia, terei entrado umas duas horas e meia antes, com o meu pai, como sempre acontecia (que nisto da clubite as influências familiares podem não ser as únicas mas são as mais importantes). Fiquei no Terceiro Anel, no antigo (na altura único) Terceiro Anel do agora também antigo Estádio da Luz. Andei de colo em colo quando o Benfica marcou, num excelente golo do Shéu, e sofri, como os outros 90 mil, quando Lozano, o tal “espanhol” do Anderlecht, marcou ao Bento. O silêncio foi imenso. Penso que todo o estádio sentiu, embora ainda estivéssemos na primeira parte, que os belgas íam levar a taça.

Levaram a taça, mas não o encanto decisivo que o futebol tinha acabado de ganhar para mim. O futebol, o Benfica, aquele equipamento, aquele estádio. Depois disso consegui ser muitas vezes neutral – tenho a certeza – e profundamente lúcido nas opiniões que profissionalmente fui expressando. Acredito que continuarei a sê-lo sempre que tal for necessário, porque quando trabalho não admito valor mais alto que o da honestidade, o de ser sério para o público que nos vê, lê ou ouve. Em todos os outros momentos da vida sou do Benfica e, como cantava Luis Piçarra, isso me envaidece.”

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

A diferença entre Benfica e Porto

A maior diferença entre o Benfica e o Porto é  que o Benfica não consegue ser nos jogos com o Porto, ou com qualquer outra equipa de topo Europeu, o mesmo Benfica do resto da época.
E não consegue sobretudo por questões tácticas.
Jogar com o Olhanense ou com o Estoril só com Matic e Enzo DÁ.
Jogar com o Porto com Matic e Perez contra Lucho, Moutinho, Fernando e ontem Defour(que vinha ao meio criar ainda mais superioridade) NÃO DÁ. 

O melhor jogo de Jorge Jesus contra o Porto, foi para a Taça de Portugal no Dragão onde ganhou 2-0 e podiam ter sido mais, onde jogou com César Peixoto como 3ºhomem do meio campo.

Enquanto Jorge Jesus não perceber isto vamos continuar a festejar empates com o Porto.

Ao invés o Porto joga sempre à Porto, seja com o Benfica seja com o Olhanense.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

A evolução com Jorge Jesus

O Benfica ganhou 6-0 ao Aves.
O Aves é da II Liga, neste momento se acabasse a II Liga subiria de divisão.
Dirão os mais desatentos que é um resultado normalíssimo e que o Benfica não fez mais que a sua obrigação.

Pois bem, eu sou do tempo e quem me lê também o é, em que o Benfica de Quique Flores recebeu e empatou 0-0 após prolongamento com o Penafiel que na altura militava na 2a Divisão B.
E eu que vi esse jogo ao vivo, percebi claramente que foi o Benfica que a dada altura quis levar o jogo para penalties pois já não tinha pernas para mais.

Hoje esse cenário é completamente impossível!!!
Porquê?
Porque é treinado por Jorge Jesus, que tem muitos defeitos, mas que não facilita e as suas equipas sendo teoricamente mais fortes são, em condições normais, mais fortes no terreno de jogo.

Por muito que queiram tirar méito a quem o tem, é inegável a evolução que o Benfica teve nos anos de Jorge Jesus.
Tem defeitos?
Tem.
Podia ser melhor nos jogos a doer?
Podia.
Mas ninguém pode dizer que o Benfica hoje está igual ao Benfica de 2008/2009.

Está melhor, MUITO MELHOR!!!!